segunda-feira, 25 de abril de 2016

Xeque-mate

Percebeu-se peça fora do tabuleiro. Teria o jogo a colocado para fora ou ela teria feito a jogada para cair fora? Quiçá as duas coisas. Sem jogadas ensaiadas e decoradas, sem as manhas manjadas, sem a técnica tão bem aperfeiçoada, sem as casas bem divididas, as peças e as regras, que, até então, faziam-lhe tanto sentido, desconfiguraram-se. Desfez-se a jogadora, fez-se a pessoa. Diante de um universo inteiramente novo, a dúvida apertava. Há vida além do tabuleiro? Lá fora o mundo a aguardava, com sua imensidão de possibilidades e combinações inimagináveis, pelas quais a prontidão tão exercida outrora, daria espaço para uma rotina de embaraços. Daria conta de laços e nós tanto quanto dava conta do quadrado em que se deslocava? Decretou xeque-mate às inquietações e fez sua última jogada ensaiada.

domingo, 3 de agosto de 2014

Para você eu digo sim.

Foi um sim de súbito, mas com toda a certeza. De peito aberto para uma vida a dois, uma vida que você desde o início, quiçá desde o primeiro encontro, me convidava a sentir e vivenciar. Esse convite sempre foi preciso e sereno, proposta que me soava indecente, a princípio, mas que depois se tornou fundamental e extremamente natural. E como acontece desde o nosso primeiro beijo, houve encaixe. A vida foi se encaixando e você se encaixando em mim, e eu em você. Fez-se união. Uma união que, daqui a três meses será oficializada: com a benção de Deus, dos familiares e amigos. Há um ano eu disse sim, para você. Com amor.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Tibum

O vento uiva na curva. Teria ele dito algum palavrão pela velocidade com que virou ou aquela expressão máxima de quem se desvia era um vocábulo de alívio de quem, enfim, encontra-se? De repente, o vento que zumbia parou. A partir de então, pela fresta da janela, só quem falava era a brisa. Brisa que se encontrava com o restinho de sol. E as voltas que a brisa dava em torno daquele último suspiro de luz parecia gracejo. Gracejo invisível, quase imperceptível. Só se sabe o que vento diz e se vê o que a brisa faz quem mergulha na simplicidade. Tibum.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Os três verbos dos 28

Os 28 é diferente dos 20 anos (meio óbvio!), quando você ainda deixa uma pessoa entrar e permanecer ao seu lado, sem saber ao certo se quer ou não. Aos quase 30, o desejo é mais preciso e a distância se torna fundamental para determinado tipo de gente. Para os incômodos, os desesperados e mal resolvidos: ignorância. Aos poucos, torna-se evidente que ninguém é obrigado a aguentar aquilo que não se aguenta. Se está cheio, larga mão. Abandona e recomeça, mais uma, duas, três vezes – com sensatez! Se não estagnar, a vida, naturalmente, segue seu curso. E o caminho que se percorre pode ser diferente do planejado. Mas e daí? Outro rumo. Quem disse que é pior?! Há oportunidade. Com 28 anos, sabe-se disso, porque a ânsia diminui, tanto a ânsia de chegar logo ao “pódio” quanto a ânsia que o novo provoca. Mudanças, às vezes pequenas e outras grandíssimas, são necessárias. Também, aos 28, aprende-se que aquela coisa da atração é factual: brigas atraem brigas, mau humor atrai mau humor e por aí vai. Simplicidade atrai simplicidade! Logo, simplificar é o verbo que impera, quando se está mais próxima ainda dos 30. Depois vem o desencanar. Desencanar-se de si mesma. De corpo, alma e coração. E dos outros. Afinal, cada pessoa é um universo, que sente e pensa de maneira única. Então, a felicidade, de verdade, só diz respeito a quem a sente. E ponto! Outro verbo bem presente aos 28 é o refutar. Depois de algumas experiências, sua conjugação passa a fazer sentido realmente. Tanto semântico, quanto prático. Aos 28 anos fica evidente que temos a vida que queremos. Pessoas, trabalho. Coisas. Simplificar, desencanar e refutar. Até os 30 e para além deles!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Vi-ra-da

Diz que o Ano Novo, de verdade, acontece quando a gente quiser. Pode ser no começo do ano, no meio ou no fim. Independe de data, da cronologia. Mas eu preciso da virada, do dia 31 de dezembro para o dia 01 de janeiro. É nesse intervalo de tempo, entre o ano que se despede para o ano que nasce, que eu ganho gás. Para mudanças, para novos planos. Também, esse marco, é um momento de retrospectiva. De lembrar as perdas e os ganhos do ano que está acabando. De, mentalmente, fotografar os melhores momentos. Os melhores abraços, os melhores sorrisos. De visitar dores, de um mal entendido, de uma briga, de um arrependimento, de uma perda. Duas perdas. É a tentativa, quase sempre falha, de compreender o incompreensível. De divagar em mim mesma, refazendo os caminhos e rostos que passaram durante o ano, por mim. Para mim. Oração. Mais uma oração, duas, três. Eu rezo, para que o ano inicie bem. Que o durante seja bom e que o ciclo se conclua com mais prós do que contras. É quase meia noite. Uma pitada de medo com alegria. São os fogos e a energia única que só o Ano Novo, do calendário, tem. Feliz Ano Novo!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Capítulo 1

Ai. O sussurro curto e baixo marcou a primeira vez. Estava leve, com o olhar de quem não está onde de fato se encontra. E enquanto o namorado se atentava ao preservativo, ela prestava atenção ao ambiente que parecia vibrar, depois das pernas não mais bambas. Ainda nua, reparou no lençol, que nem estava sujo, como disseram a ela que ficaria. Também ninguém fumou, porque, claro, nem um e outro apreciavam o cigarro. E ele não dormiu, como previu a maioria. Após o gozo, deitaram juntos, respirando fundo. Ou era o silêncio que fazia parecer que ambos respiram fundo. Ele, então, ligou a TV e buscou alguma coisa para assistir, ficou pulando de um canal para o outro. E de um canal para o outro ela ia montando a cena da qual acabara de ser protagonista. Quis tomar o controle da mão do namorado e o convidar para a próxima cena. Conteve-se. Ainda era preciso decorar alguns capítulos...

terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Grande Dia

Ele gargalhou no primeiro encontro. Foi depois de escutá-lo rindo (uma das risadas mais gostosas que já escutei) que me senti presenteada pela vida, por tê-lo por perto. E gostei, logo de cara, do encontro – que mal havia iniciado. Como o enredo da peça de teatro era uma comédia, era inevitável o riso, de ambos. De todo o público. Mas o dele era especial. Destacava-se no meio da plateia. O que, por vezes, me fazia rir mais ainda, porque, além da peça, eu podia gargalhar da risada dele. Doeu minha barriga e eu desejei aquela risada para mim. Que viessem muitas outras. E foi por causa da gargalhada (e não por ele ser um moreno alto, bonito e sensual) e do ambiente em que estávamos (naquele primeiro dia de nós dois juntos) que eu pensei que poderia passar o resto dos meus dias com ele. E, desde então, a vontade só aumenta.