terça-feira, 30 de outubro de 2012

O Grande Dia

Ele gargalhou no primeiro encontro. Foi depois de escutá-lo rindo (uma das risadas mais gostosas que já escutei) que me senti presenteada pela vida, por tê-lo por perto. E gostei, logo de cara, do encontro – que mal havia iniciado. Como o enredo da peça de teatro era uma comédia, era inevitável o riso, de ambos. De todo o público. Mas o dele era especial. Destacava-se no meio da plateia. O que, por vezes, me fazia rir mais ainda, porque, além da peça, eu podia gargalhar da risada dele. Doeu minha barriga e eu desejei aquela risada para mim. Que viessem muitas outras. E foi por causa da gargalhada (e não por ele ser um moreno alto, bonito e sensual) e do ambiente em que estávamos (naquele primeiro dia de nós dois juntos) que eu pensei que poderia passar o resto dos meus dias com ele. E, desde então, a vontade só aumenta.

sábado, 20 de outubro de 2012

Francisco e Tereza

Chamam-se de amor. Amor para lá, amor para cá. Amor com bom dia, boa tarde e boa noite. Mas sem diálogo. Amor de dividir as refeições e garrafa de vinho, como se não estivessem na mesma mesa, incomodados com o silêncio ininterrupto produzido somente por pessoas que já se conheceram, mas que se perderam uma da outra. Amor de ver filme juntos mas separados. De intimidades, de usar o mesmo banheiro com a porta aberta e de tirar a roupa sem fazer carícias. Amor de dormir juntos, nunca de conchinha. Amor de retratos espalhados pela sala, nas paredes do corredor. De pose. Amor registrado em cartório, confirmado na igreja e atestado com os filhos. Mas sem resquícios no dia a dia.