quinta-feira, 30 de junho de 2011

Para não dizer que eu não lembrei de nada

Fez um mês. Eu sabia que para mim a data passaria batida. Sou péssima com datas, sempre fui. Sou do tipo que não lembra de aniversários, principalmente os de namoro, primeiro beijo e afins (tenho uma amiga que é um calendário ambulante, lembra do dia certinho e se duvidar até da hora). Tomo cuidado para não esquecer dos aniversários aqui de casa. Dos amigos mais queridos e antigos, eu ainda não decorei. E tem os aniversários que eu insisto em trocar. Eu ligo um dia antes ou um dia depois. Nunca no dia exato. Entretanto, esse esquecimento não quer dizer que eu me importe menos. É simplesmente que eu sou desajeitada, dispersa, embaralhada com datas. Por isso, justifico-me. Peço desculpas, porque sei que você era infalível com datas e que se importava bastante com elas, embora nos últimos tempos andasse que nem eu. Perdida no tempo. Gostaria que soubesse que, apesar de não me lembrar que se passaram 30 dias, eu não me esqueci de cada detalhe do dia em que você foi embora para nunca mais voltar. É que eu prefiro lembrar do dia anterior, do qual eu também não faço ideia de que dia foi. Eu sei que foi um domingo e isso basta para que eu me recorde de você em todos os domingos. Também é nos domingos que eu reflito. Mas sempre foi assim. Domingos, para mim, são reflexivos. Dia de por a cabeça no lugar. De tentar entender a alma, de acariciar o coração na tentativa de compreendê-lo. Como foi meu último dia com você, agora o dia do descanso também é dia de nostalgia. Eu fico horas pensando na gente. Eu fotografei aquele domingo. Milimetricamente. É uma sequência de fotos bonita. E que de tão bonitas a minha retina as transformam em quadros com moldura. Pinturas que se espalham pela casa, desde o quarto até o quintal. Lugares onde eu e você estivemos pela última vez. Um mês né? Eu provavelmente não vou lembrar do segundo, do terceiro mês. Um ano? Não vou me lembrar! E isso não significa nada. Nadinha. Pois você é permanente em mim. Sempre foi. E essa coisa de distância é relativa. Sempre foi.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Das minhas ignorâncias

Minha avó passou mais tempo com o meu vô do que com ela mesma. O meu avô também. Eram uma boa dupla. Eles fizeram bodas de ouro, o orgulho da família! A vó morreu com saudade do vô, que não teve tempo de se despedir. Três meses separados. Três meses que pareciam mais que anos, era o que a minha avó garantia e repetia sem parar (eu achava exagero, confesso). Meu avô sente saudade, não tem mais vontade de tirar o pijama. E o azul dos olhos dele parece mar de tanto que chora. Dói no vô não ter mais a mulher com quem ele viveu a maior parte de sua vida. E deve ser ruim mesmo acordar com o outro lado da cama vazio, sem o cheiro de quem se ama. Minha mãe conheceu meu pai aos 13 anos, ela conta ainda com um riso maroto como foi. Na rua, na cidade onde ambos passavam as férias. Os primos dela eram vizinhos dos primos dele. Ele tinha 16 anos. Desde então, passaram a se encontrar em todas as férias de dezembro (Ah, o verão!). O acaso fez com que se encontrassem mais tarde na capital. Antes disso, meu pai namorou uma prima da minha mãe e várias outras gurias. Minha mãe garante que, mesmo assim, sempre gostou dele. Meu pai foi o primeiro e único amor da minha mãe. E meu pai baba na minha mãe, mesmo depois de 27 anos de casados e uma enxurrada de problemas. Mesmo que haja mais de três mil quilômetros de distância entre eles. Quando meu avô desanima e minha mãe estremece, eu até tento consolá-los. Mas existe um abismo entre mim e eles. Eu sou analfabeta no amor.

E “só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas”.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Merchandising

Foi assim...

- Paula! Eu preciso (o querer vem antes, daí depois eu preciso! E invoco com aquilo que preciso) escrever um livro. Topa?

- Bora.

Resultado: Um Olhar Sobre a Aids. Com a Ana junto. E histórias para nunca nos esquecermos. Como a da Dalva ou da cadela da vizinha. Mas as melhores mesmo estão no livro.




Lançamento

04.08.11

20h

Biblioteca Municipal Professor Egydio Martello, Campo Mourão (PR).

terça-feira, 14 de junho de 2011

O encontro

As pessoas são assim. A gente é assim! De ficar procurando se trombar a cada esquina. De querer compartilhar a vida com alguém, que não vale ser qualquer alguém. Daí a gente seleciona, uns são classificados inerente à nossa vontade. Dá gosto. De outros a gente se acostuma e de se acostumar acaba dando gosto. Depois, no fim, é tudo desgosto. Porque é difícil dar liga, aquele encaixe. De boca, corpo, sentimento. Vontade. A vontade tem de ser mútua. Mútua?!!! Então, a gente se magoa, cansa de ficar batendo a cabeça e apertando o coração. Daí passamos a concordar que têm os que possuem sorte. Que à primeira vista já sentem tudo. E depois continuam sentido à segunda vista, terceira, quarta...milésima vista. E a gente? Fica com o olhar minguado na expectativa do à primeira vista.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Quero te dar a mão

E se eu disser que sinto falta? Você me olharia com total desaprovação, balançaria a cabeça, colocaria a mão no queixo. Ficaria um tempo sem me olhar. Depois de uns cinco segundos, você se voltaria para mim. Diria que não me compreende, que eu nunca tive certeza de nada. Que só você que sempre soube o que realmente queria. Então, antes que eu começasse a discorrer sobre as minhas dúvidas, desculpando-me pela minha instabilidade sentimental, você me tomaria em seus braços. Ficaríamos por um tempo assim, daquele jeito e de outro jeito. Até o dia em que eu, por insegurança, pedisse distância novamente. Contudo, eu sentiria sua falta mais uma vez e desejaria intensamente a sua intimidade. E você...Ah você! Como quem compreende o incompreensível, estenderia a mão, mostrando-me que somos o que somos. Um pouco de nada. Um tanto de tudo.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Nó.

Seus olhos vermelhos fazem o meu transbordar

Uma vez transbordados, difícil cessar

E o abraço apertado de quem quer consolar nada pode diante da dor de amar

De amar quem se foi para nunca mais voltar

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O seu é outra

Eu cortei o cabelo, fiz aniversário, troquei de emprego. Eu corri, parei de correr. Fui e voltei para muitos lugares, para muitas pessoas. Eu senti você nos outros até não sentir mais você, só os outros. Se tudo mudou, por que as cores não mudariam? Daí chega você, oferecendo o mesmo de antes sem ser como antes. Detesto esperar, quase nunca espero. E um atraso assim, de mais de meses, não se passa despercebido. A gente corre esse risco, sempre. De ser agora, mais tarde ou nunca mais. Meu ritmo é outro. O seu é outra.