Num apartamento pequeno, de três cômodos, e antigo, no qual a cor das escadas quase não se vê se não fosse as pequenas lascas de vermelho que sobraram em um degrau ou outro. De um corredor escuro que parece não ter para onde ir, de onde falta luz, mora Estrela D`Alva.
D`Alva tem uma virilidade que não combina com seu corpo magro, quase esquelético, e uma doçura ao acolher e falar que não rima nadinha com os caminhos tortos que escolheu seguir. Estrela D`Alva é peculiar. Poucos são aqueles que conseguem enxergar-lá como tal. Impregnada de um passado fosco – quase negro –, de uma vida sem luxos, seu brilho fica escondido, exposto somente para quem chega pertinho dela. Para quem tem tempo e disposição para ouvir sua história. E que história!
Ao olhar para ela que está parada na janela, mais à direita do que à esquerda, tragando seu cigarro, consigo vê-la ao fundo, no céu.Eu monto um quadro. Um quadro bonito, de um céu sem estrelas, porque não tinha estrelas, brotava ela com sua simplicidade (de jeans, regata, cabelos presos). De um céu azul escuro, quase negro, despontava uma única estrela: Naquele apartamento Estrela D`Alva nos irradiava com sua luz. Ela que é forte. Mulher em seu sentido mais amplo e pleno.
Perto dela tudo fica mesquinho, demasiadamente minúsculo. Até eu e você. Porque Estrela D`Alva carrega um peso nos dedos, nos braços, nos ombros, nos olhos, no coração, por opção. Por amor, é o que diz. Peso que eu e você juntas não suportaríamos.
D'Alva é incrível, mesmo. E muito mais mulher que muita mulher. Ah, se fôssemos todas D'Alvas... Lindo, Lari.
ResponderExcluirLindo.Lindo...
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