terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Quase 25 e um ponto

Meu irmão sempre foi quem se machucava. Ele já engessou o corpo inteiro, da mão ao pé, e teve uma vez que ficou com toda a parte acima da cintura engessada. Eu nunca engessei (preferia a TV aos jogos de futebol, as bonecas do que as corridas de carrinho de rolimã, embora tenha andando bastante neles).
Ele também foi costurado várias vezes. Numa das vezes eu estava vendo o médico fazer o curativo. Baixou minha pressão, minha mãe teve que sair comigo do consultório antes do médico começar a dar os pontos, tentando fechar o buraco da perna do meu irmão, que tinha caído de uma bicicleta que era o dobro do seu tamanho.
Eu sou estabanada por natureza, ando com as pernas sempre roxas, mas nunca meus machucados tiveram a necessidade de uma costura (sorte). Sempre entrava em pânico quando um corte parecia ser mais profundo e talvez houvesse a necessidade de uns pontinhos. Eu gelava.
E, hoje, no dia em que me costuraram, a primeira vez em quase 25 anos, apenas um ponto (ainda bem), eu não vi nada, nem o corte, nem a costura. Foi na perna e a própria médica que fez o furo, costurou-o (estranho). A anestesia me poupou da dor que eu poderia sentir quando a doutora arrancava um pedaço de mim (ele vai ser analisado), mas não está me poupando do meu sofrimento por antecipação, o de ter que encarar o meu primeiro ponto.
Toda vez que olho o bendito do curativo sinto dor. Fico imaginando aquele pontinho preto costurado ali, bem na minha batata da perna. Aquele ponto escuro se sobressaindo. Aquela costura que não deveria estar ali, na pele, me dá calafrios. Amanhã eu vou ter que tirar o curativo, mesmo sem coragem.
Fiz questão de não ver nada do que faziam, desde o corte até o esparadrapo, não vi nada. Não queria fitar o tal do ponto. Imagino a sua aspereza e me arrepio. Daí eu penso, quase dialogando comigo mesma: “E se na hora de tirar o curativo o ponto sair junto e descosturar tudo??”. Faço cara de que estou ficando louca, balançando a cabeça negativamente, afirmando para mim mesma que não, não será assim. Tô fazendo drama. Minha mãe não está aqui. Definitivamente vou ter que fazer isso sozinha. Acho que estou crescendo demais. Ponto.

4 comentários:

  1. Que mentira! Como assim, quando o corte parecia ser mais profundo!? Um raspão e teu mundo acaba!
    rsrs

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  2. Dois pontos. Mudou tudo, haha...

    Boa sorte, Lari. Vc sobrevive. Não vou te contar do meu único ponto para vc não traumatizar, haha

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  3. Amiga, você terá que fazer parto normal. Não sobreviverá a uma cesariana...

    Bjus..

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Porque quem comunica se trumbica.