O metro estava lotado, muita gente de pé e nós sentados, assim como vários outros. Do meu lado uma senhora sentada que com frequencia dirigia seu olhar para o senhor que estava a sua frente. Ele também a observava,descaradamente, ambos se queriam muito, havia necessidade e docilidade no olhar deles, que se desejavam desesperadamente. Entre um olhar e outro, a história, o companheirismo, a vida a dois. As maos dela denunciavam os tantos anos vividos e o rosto dele permitia-me lhes dar idade, entre os 50 e 60 anos, talvez mais. Intrigada, obsevava-os, na verdade admirava aquela vontade dos dois, de um sucumbir-se o outro, ali, na frente de todos. Vagou um canto ao lado dele. Ela pulou para o lado de lá, onde ele a esperava. Ela o entrelacou, apertando-o para si. O abraco durou uns instantes, e eu ali de espectadora de uma das cenas mais singelas que preseciei. Doce, era doce ver o casal de mais de 50 anos ainda apaixonadamente apaixonados. Ainda a dois. O abraco deles impregnou o metro de amor.
Lindo. Mesmo!
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