Sobre perspectivas, destino, condição. Sobre eu e você ou talvez nada disso
Emprego fixo para quê? O salário baixo ainda não contribui para que ele compre aquele carro almejado, aquele tênis da moda, aquela blusa de marca. Também, ainda, ele não pode comprar o sobrado que ele paquera, há, pelo menos, uns dois anos. Ele estudou quatro anos para isso: viver limitado ao seu semi-salário. ‘Você está em começo de carreira, é por isso, já melhora’, consolam-no. Enquanto isso ele imagina. Pensa no que ele queria realmente ter feito: viajar. As viagens sempre foram seu ideal, seu projeto de vida, seu consumo. Então foi estudar, pois pensava que depois de formado teria a grana para viajar. Enganou-se. O mundo adulto lhe deu uma rasteira, vieram as obrigações, a contribuição em casa, a compra do mercado, o pão do café da tarde, a gasolina para ir até o cinema, o remédio quando ficou doente. E, ainda, tinha o cabelo que deveria ser cortado, os dentes que deveriam ser tratados, o presente do amigo, o computador que quebrou. Desistiu das viagens. O seu empecilho foi a responsabilidade, que o impregnou de cuidados, que o impediu de agir por súbito. E assim, lentamente, o homem que se dizia do mundo, tornou-se enraizado. Teve bom emprego, fez carreira, casou, teve filhos. É feliz. Mas, de vez em quando ele engasga e por um bom tempo viaja, viaja em seus pensamentos, relembrando seus mais absurdos sonhos, seus mais atípicos desejos. E, então, ele se recorda de sua frase clichê, dita à sua mãe quando tudo parecia dar errado: ‘Se nada der certo eu fujo com o circo’. Ele ri. Aos quarenta ele, ainda, acredita que dá tempo de fugir. Só não sabe como. ‘Pai, me dá um braço’, escuta.
Emprego fixo para quê? O salário baixo ainda não contribui para que ele compre aquele carro almejado, aquele tênis da moda, aquela blusa de marca. Também, ainda, ele não pode comprar o sobrado que ele paquera, há, pelo menos, uns dois anos. Ele estudou quatro anos para isso: viver limitado ao seu semi-salário. ‘Você está em começo de carreira, é por isso, já melhora’, consolam-no. Enquanto isso ele imagina. Pensa no que ele queria realmente ter feito: viajar. As viagens sempre foram seu ideal, seu projeto de vida, seu consumo. Então foi estudar, pois pensava que depois de formado teria a grana para viajar. Enganou-se. O mundo adulto lhe deu uma rasteira, vieram as obrigações, a contribuição em casa, a compra do mercado, o pão do café da tarde, a gasolina para ir até o cinema, o remédio quando ficou doente. E, ainda, tinha o cabelo que deveria ser cortado, os dentes que deveriam ser tratados, o presente do amigo, o computador que quebrou. Desistiu das viagens. O seu empecilho foi a responsabilidade, que o impregnou de cuidados, que o impediu de agir por súbito. E assim, lentamente, o homem que se dizia do mundo, tornou-se enraizado. Teve bom emprego, fez carreira, casou, teve filhos. É feliz. Mas, de vez em quando ele engasga e por um bom tempo viaja, viaja em seus pensamentos, relembrando seus mais absurdos sonhos, seus mais atípicos desejos. E, então, ele se recorda de sua frase clichê, dita à sua mãe quando tudo parecia dar errado: ‘Se nada der certo eu fujo com o circo’. Ele ri. Aos quarenta ele, ainda, acredita que dá tempo de fugir. Só não sabe como. ‘Pai, me dá um braço’, escuta.
credo, lari... me deu uma tristeza esse teu texto...
ResponderExcluirmas não era para ser triste, é apenas constatação :P
ResponderExcluirSabe o que é triste?
ResponderExcluirA constatação. Porque este texto é muito mais verídico do que se imagina... e por isto, triste. Porque quando se desiste de sonhos, passa-se a viver um funeral diário... e é triste viver em velório eterno...
Credo, Lari... que triste você tão novinha escrever este texto tão sensível e tão profundo!
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Paula, minhafilha, vai viajar!!!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOoo Lu, eu tb vou viajar ;)
ResponderExcluirComo eu disse, o texto pode ser ou não sobre eu e vc..., o que eu fiz foi uma constatação alheia, percebendo que muitos esquecem sua ‘lista de desejos’ ficando à mercê da rotina ou do que os outros acham que é melhor.
Porque se pararmos para pensar, não precisamos de muita coisa para ser feliz (no meu caso). Meus sonhos não são padrões: boa carreira, casa, família, carros...porém, tem gente que esquece daquilo que realmente quer e acaba impregnado de sonhos padrões. E eu não acho triste, eu acho cômodo, porque a pessoa é feliz, pode não ser por completa, mas é, e por isso ela se acomoda e não viaja, eu acho... ;)