sexta-feira, 24 de julho de 2009

Prefeito morre por causa de amante

Errado.

Prefeito morre por causa de "amor não contabilizado".

Gostei dessa definição.

sábado, 11 de julho de 2009

Ela olhou e ele estava ali

Ela esperava um príncipe, mas vieram vários. Ela achou que seria para sempre, mas houve muitos para sempre-que-sempre-acabaram.

Quando criança não tinha tempo para pensar no príncipe. As bonecas e as brincadeiras de rua tomavam a maior parte de seus pensamentos, quando estes não eram ocupados pelas guloseimas da padaria da esquina. As donzelas de seu reino sempre falavam de seus príncipes, sonhando com aquele, que, de algum modo, abalaria seus corações e com o qual viveriam felizes para sempre, embora esse para sempre nunca durasse tanto.

O primeiro encontro com o seu príncipe foi tardio. Foi depois dos quinze que ela começou a pensar no príncipe, que desde então, nunca fora encantando. Ela o conheceu num bate-papo, desses que se tem aos montes na internet. Ali mesmo, conduzidos pelos códigos binários, sem luar e sem jantar à luz de vela, apaixonaram-se. Denominaram-se amor. E foi amor, por que não? O sentimento era recíproco e intenso. Ele era seu príncipe, ela sentiu.

Com o tempo, ambos amadureceram e a vida lhes apontou destinos opostos. Foram estudar fora. Ele em uma faculdade em uma cidade. Ela em uma faculdade em outra cidade. Separaram-se. Por um tempo o coração dela ficou desnorteado. Ela havia sentido que ele era o seu príncipe, porém não era. A dor do para sempre-que-sempre-acaba e que ela não queria que acabasse foi suprimida com a chegada de outro príncipe. Sim, ela sentiu que ele era o seu príncipe...por alguns meses foi assim. Mais uma vez errou. A distância não deixou que fosse.

Um outro príncipe chegou, ela não acreditou. Não, ele não é meu príncipe, pensava. Entretanto, sua fada madrinha uma peça lhe pregou. Sim, ele era seu príncipe. Diferentes, de personalidades antagônicas, mesmo assim: vingou. Por um tempo ela achou que ele, definitivamente, era seu príncipe. E a ele, mais uma vez, se entregou. Errou.

Depois dele, mais príncipes vieram.Vinham rápido, e saíam mais rápido ainda de sua vida. E, era assim mesmo que ela queria. Tirada a venda, ela se permitia amar um príncipe a cada dia. De cada um retirava o que podia. Encantou. Desencantou. Percebeu que o amor que tanto esperava, encontrava-a todo dia, bastava ela se permitir. E assim o fez. Embebedada de amor, próprio e pelo próximo, permitiu-se.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Presente no Dia dos namorados

Depois de alguns dias da entrega...
- Entregou a encomenda?
- Entreguei, mas ele tava com uma menina do lado
- Vixi, será que deu problema para ele?
- Deu nada. Entreguei na hora em que a menina não tava junto.
- Ah, fechou então!
- Eu entreguei no Dia dos Namorados tá...
- Ai, não. Que mico heim. Não tinha lembrado que era Dia dos Namorados.
- Hahaha. Mas eu achei que você tivesse mandado o cartão e o chocolate justamente por causa da data.
Risos.
- Não, era só para aproveitar que...Ok, dá nada não!
Contando sobre o ocorrido com o amigo.
- É isso, dei presente para ele no Dia dos Namorados, sem saber. E sem querer! Para completar ele estava acompanhado. (rindo da própria desgraça)
- Lari, você não pode namorar.
- Por quê?
- Porque se você namorar, quem vai me contar uma história como esta?

Porque às vezes eu também pergunto...

Eu gosto deste texto. Concordo, porque frequentemente eu faço a mesma pergunta.

VACA ESTRELA E BOI FUBÁ
(de Patativa, Nietzsche e Deus, não necessariamente nesta ordem)
por Larissa Santos PereiraPensar

Pensar no que simboliza a música me faz lembrar de Nietzsche, que desafiadoramente, registra: “Eu não acreditaria em um Deus que não soubesse dançar”. Também eu não acreditaria em um Deus estático, enclausurado em sua redoma e apenas preocupado em anotar, diariamente, no grande Livro da Vida, os meus pecados diários. Sou católica, de formação judaico-cristã e, portanto, cresci em um ambiente no qual o Deus era realmente punitivo, mas, em contraponto, fortemente amoroso.Na Congregação das Irmãs da Sagrada Família, onde estudei e também na minha casa, a palavra Deus era sinônimo da palavra amor. Na minha casa, em especial, este bem-querer se dava tanto nas relações afetivas quanto na marcante presença da música. Ouvir música sempre foi significativo para a nossa família, sendo que o repertório variava dos ditos clássicos da MPB da época (saudosos anos 80), passando pelas “brasas” da jovem guarda e chegando até algumas expressões do forró e rock nacional.Dentre os cantores, minha mãe tinha predileção por Fagner, cearense que me inquietava pela firmeza com que ca(o)ntava não as músicas “de amor”, mas as histórias do cotidiano nordestino, como a seca e a conseqüente exploração do sertanejo. Nesse contexto, uma composição sempre me chamou a atenção: Vaca Estrela e Boi Fubá, da autoria de Patativa do Assaré, que tece uma narrativa entremeada de sofrimento e lirismo para caracterizar a vida do vaqueiro que, aos poucos, é forçado, pela lógica da seca perversa, a abrir mão de seu gado.Vaca Estrela e Boi Fubá é uma canção triste, que desperta nos/as ouvintes, uma sensação de estranheza no mundo, um nó na garganta que anestesia a vontade de agir, quase imobilizando o poder de reação. É também uma canção dura. Lembro de não entender porque a vaca e o boi em questão apresentavam nomes tão suaves, contrastando com o universo ali descrito: astúcias do sábio compositor.Hoje, passadas duas décadas de quando, certamente, ouvi pela primeira vez esta música, ela me veio à mente de forma arrebatadora, trazendo, ao seu lado, Nietzsche e Deus. Ontem à noite fui a uma Estação de Transbordo do Transporte Coletivo de Salvador. A capital da Bahia ostenta cerca de 3.350.523 habitantes, grande parte deles amontoados em sub-bairros, sub-empregos, sub-moradias, sub-opções de lazer, sub-vida, enfim. A Estação Pirajá, onde fui, serve como eixo de condução para muitos bairros periféricos de Salvador, com nomes expressivos, como Palestina ou Boca da Mata.Ao chegar à Estação eu, incauta escriba, fui informada de que havia uma fila de espera, não só para aguardar (uma média de 20, 30 minutos), como para, finalmente, ingressar no Amontoamento Noturno, vulgo Transporte Coletivo. Foi aqui, ao me reunir aos demais usuários daquele serviço, que recordei da vaca, de Nietzsche e de Deus, necessariamente nessa ordem. Explico-me: é estupenda a sensação de desumanização que aquela experiência causa no indivíduo. A ida, lenta e paciente para o ônibus, me fez imaginar-me como uma vaca, que, silenciosamente, resignava-se e caminhava para o Abatedouro. Não, não é exagero afirmar. Todos/as nós ali, naquele momento, éramos bois e vacas, impregnados da mais pura e ofensiva bestialidade.A minha caracterização animalizada naquele momento me espantava e, ao mesmo tempo, me indignava. A insistência profunda de Nietzsche ecoava em minhas reflexões: então, esta é a condição humana? É para isso que somos? É isso o que somos? Uma grande massa desprezível a que se titula povo, que se aglutina de manhã e à noite, para ir e voltar dos serviços e/ou estudos e assim, nestas experiências, se animalizar de forma cada vez mais acentuada?Já nos últimos passos daquela infeliz fila me lembrei de Deus. A lembrança foi fugaz – não há tempo para digressões quando se precisa disputar um lugar em pé em um ônibus com os motores já ligados para partir –, mas intensa o suficiente para, em mim, formular o desejo da pergunta ainda inquietante: “Deus, que música você dança?”.

E aí? Quer dizer que agora eu também sou jornalista?!!

Sim, agora você também é jornalista. Advogados, médicos, economistas, professores, pedreiros, donas de casa. Todos, jornalistas. O inciso V do art. 4º do Decreto-Lei 972 de 1969 que fixava a exigência do diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O diploma é desnecessário. Triste, infelizmente.E mais, além de alegar que o inciso V do art. 4º do Decreto-Lei 972 fere a liberdade de expressão, garantida pela Constituição, o STF comparou jornalistas com cozinheiros (nada contra a esta classe, ainda mais agora que somos parceiros). Comparar jornalista com cozinheiros, que não precisam de conhecimentos prévios para o preparo de um bom prato, é rudimentar. Retrocesso total.O jornalista cozinha palavras, aquece denuncias e assa informações. Pronto, a mídia virou um bolo. E, que bolo! Um bolo de confusões, com calda de matéria comprada e recheio de manipulação - não que antes não houvesse, porque a ética você tem ou não, independe de diploma.Então, por que fazer faculdade de jornalismo? Por que fazer inglês, espanhol ou francês? Porque o mercado pede, e, principalmente, porque a aquisição de conhecimento é sempre útil. As horas dedicadas às aulas de redação, história, geopolítica, economia, filosofia. Ás aulas técnicas de rádio e Tv. E, ainda, às aulas complexas de teoria da comunicação. Quatro anos de formação humana e ética, sem validade? Não! Aquilo que se aprende é propriedade eterna de quem o adquiriu.