segunda-feira, 18 de outubro de 2010

E se não houvesse amanhã?

Foi para o hospital. Estava com febre, apenas. Não imaginava que a temperatura alta do seu corpo indicava seus últimos instantes. Pensou em resfriado, gripe, alguma virose. Os médicos não souberam dizer, o diagnóstico foi impreciso, várias patologias possíveis.
No momento em que partia, o telefone da sua casa tocava e seu cachorro latia incessantemente para a TV que não desligou. O caderno onde anotava as contas pagas estava aberto, tinha riscado a última prestação do carro. A cama ainda estava desfeita, a geladeira cheia, a lata de cerveja aberta. Tinha saído para voltar, mas acabou deixando, para sempre, a noiva, a família, os amigos. Além de planos inconclusos e desejos insaciáveis. Uma vida pela metade.

Um comentário:

  1. A história já era triste, antes de você escrevê-la. Agora é triste e linda, porque você fez a nossa alma enxergar que ali, naquela metade, ficou muito, ainda. Queria muito, ainda. Lindo, amei.

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Porque quem comunica se trumbica.