domingo, 15 de agosto de 2010

Meu resumo

Chego atrasada na reunião. Não tem mais cadeiras, mas abrem espaço e arrumam uma para que eu sente. Sento. Escuto a conversa, pego o discurso pelo meio. De repente...
- Larissa se apresenta, todo mundo aqui já se apresentou.
O que eu falo? O que eu falo? Os olhares todos voltados para mim, odeio gente me olhando. Lá vai. Eu tenho 25 anos, medo de altura. Gosto de filmes, se quiserem podem me convidar para ir ao cinema ou para assistir em casa mesmo. Na infância eu me escondia atrás da perna da minha mãe, brincava de bonecas. Ia para a rua, onde brincava de esconde-esconde, passa anel, pega-pega e por aí vai. Fiz balé na adolescência, época em que ficou comprovada a minha falta de coordenação. Meu primeiro beijo foi sabor melão, frustrante para uma pessoa que odeia...melão. Chorei. Usei aliança de compromisso todas as vezes que namorei. Um par está jogando bola no campo de futebol do clube na frente de casa, o outro está no lixão da cidade – quando resolvi me purificar e joguei todas as coisas dele fora - e a outra foi devolvida por quem me deu. Poderia ter feito um pingente com elas, ok, hoje eu sei. Tinha fama de CDF no colégio, porque, além de usar óculos e sentar nas primeiras carteiras, gostava de tirar acima de 90, melhor se fosse 100. Me disseram que eu escrevia bem e eu, iludida, quis ser jornalista. Quando entrei na faculdade, deixei de me importar com números, em todos os campos do conhecimento e da vida. Exagerei desde então. Esqueci de falar: sempre fui grudada com a minha mãe. Gosto de cachorros, mas longe de mim, do meu quarto, da cozinha. Prefiro destilado do que cerveja. Evito beber demais, porque posso ficar sem coluna ou achar que sou a Gretchen. Prefiro calor ao invés de frio. Não gosto de demorar no mercado, de esperar, de passar frio. Já chorei porque esperei demais, já chorei porque tava frio demais. Sim, eu choro por coisas que eu não deveria chorar e não derramo uma lágrima em momentos em que deveria derramar. Não adiciono desconhecido no MSN e no Orkut. Tenho medo de estranhos, principalmente da internet. Tenho vontades que vem do nada e gosto de saná-las, quando não posso, fico irritada. Eu posso falar demasiadamente, sem vírgulas ou pontos, assim como posso ficar calada. Depende. Sou cautelosa na maioria das vezes, mas já peguei carona com um estranho no estrangeiro e já vim para casa de carona de caminhão junto com um amigo que tinha menos juízo que eu. Meu sonho era pegar carona de caminhão. Tenho sonhos estranhos. Me atrapalho ao mandar mensagem no celular e não atendo o passado. O que passou, passou. Tenho amigos de todos os tipos e tamanhos. Se pudesse guardava eles em potinhos e levava comigo para todos os lugares. Amo ser tia, e se eu soubesse que seria tão bom não teria feito drama em relação à denominação. Aliás, além de dramática, eu sou neurótica. Minhas idas aos consultórios médicos costumam ser engraçadas, principalmente se eu resolvo abrir os exames e fingir que sei tudo o que está escrito ali. Tenho mania de anotar tudo e perco todas as anotações. Já fui mais organizada, mais centrada, mais equilibrada. As pessoas costumam gostar das minhas histórias e se eu fosse mais desinibida até escreveria uma autobiografia que, quiçá, poderia me incluir na lista dos mais vendidos de algum jornal ou revista de prestígio. Não tenho carro porque sou ambientalista. Mentira. Confesso que não possuo bens no meu nome. E, quer saber, ainda não me importo muito com isso. Disseram que isso é falta de ambição e que pode não ser bom. Não sei. Afinal nunca quis ser rica, se quisesse teria feito alguma engenharia ou medicina. Não, acho que medicina não. Não tenho vontade de ter um analista, de por silicone ou de andar de salto o dia todo. Costumo não usar maquiagem e meu cabelo não é alisado. Eu poderia ser hippie, mas gosto de depilação, banho e algumas futilidades. Já pensei em fugir, várias vezes, e viver de amor. Sou viciada em shows e quando encontro alguém de quem sou fã, sou totalmente tiete. É tem isso também, sou expressiva, espontânea, transparente. Não quero ter filhos (mesmo que de vez em quando eu deseje um com pele e cabelos de negro mas com sardas e cor de cabelos de ruivo). Estou escrevendo um livro e já plantei uma árvore com o meu nome na Floresta Amazônica, era o que dizia o site. Ah, eu tenho mania de morder o canto da boca...Huuummm, eu já disse que às vezes me sinto perdida?
- Oi, meu nome é Larissa e eu tenho Orkut.
Resolvi simplificar. Todo mundo ri, enquanto eu digo mais umas três ou quatro palavras.

7 comentários:

  1. Lindo. Mais Larissa, impossível. E por tudo isso que te amo tanto!

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  2. Você é só vc mesmo!
    por isso que te amooooooooooooooooo!!!!!

    hahahahahahaha

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  3. Lariii.. adorei!! Devo dizer também que fico muito contente em descobrir que todo mundo é um pouco louco e que várias neuras são compartilháveis!!! kkkk

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  4. Nossa..aí te internaram né!(brinks)

    Ai Lari, vc é tudo isso aí mesmo, e muito mais..

    Vc é a melhor amiga que alguem poderia ter.Linda por inteiro!

    Amo-te

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  5. Como não se encantar com cada lapso neurótico que leva a atenção desses olhos tão lindos e engraçados? Você me faz rir demais e me emociona ao mesmo tempo. Casa comigo? É a gatinha dos meus sonhos. Te Amo, se me permite.

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  6. Para que divã se eu tenho vocês?
    Quantos eu te amo... Saibam que é recíproco. Muito recíproco.
    E peço permissão para ficar me achando. Estou me sentindo! :)

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Porque quem comunica se trumbica.