Era mignon. Do tipo que tem tudo no lugar certo, se quisesse podia ser modelo, miss, atriz. Podia sim, se expor, nua. O corpo era perfeito, combinava com o seu cabelo preto que ia até sua fina cintura. E seu cabelo por sua vez destacava seus olhos azuis cor de céu.
Os homens babavam e as mulheres a invejavam. Era, de fato, muito bela. Sua beleza só não era ímpar, porque ela parecia com qualquer garota de comercial de lingerie, com qualquer garota de propaganda de cerveja. Perfeita, exclamavam.
Ao abrir a boca a moça se desfalecia. A verbalização não lhe caia bem, pois o silicone, a chapina definitiva, os combates à celulite e as artimanhas para caçar homens ricos imperavam no seu discurso.
Discurso mesquinho, cheio de preconceitos, de futilidades, típicos de quem vinha da alta sociedade. E talvez por isso, de vir lá de cima, não tivesse vergonha alguma de impor suas opiniões vazias, de expor suas preferências de pouco valor. No mundo da moça bonita, não havia sutilezas ou abraços sem preço. Tudo tinha um valor, tinha de ter. Até ela se colocava à venda.