quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Enzo, meu sol

O meu destino e o dele foram traçados na sala de casa, quando avistei no chão uma bunda fofa de fralda. Era um típico e quente dia de verão, então ele dormia semi-nu, estirado no tapete, sustentado por um travesseiro e de cabelinhos ralos ao vento, devido ao ventilador. Ele tinha seis meses e eu tinha acabado de voltar para casa.
Eu me apaixonei pelo meu sobrinho naquele momento e depois disso passei a ser tia em tempo integral. E o ser tia despertou em mim o amor incondicional e a necessidade dele, do estar com ele, de tocá-lo e ouvi-lo.
Hoje não sei como eu vou poder amenizar a falta que eu sei que vou sentir, que na verdade já estou sentindo.Eu sabia que era bom, por isso fazia questão de aproveitá-lo o tanto que pudesse, até me cansar. Até cansar ele. No dia da partida ele me surpreendeu...
- Enzo, vou te contar um segredo.
Juntei as mãos, como quem brinca de telefone sem fio, e cheguei perto do ouvido dele, falando baixinho.
- Vou morrer de saudade.
Ele repetiu o meu gesto e me entendeu.
- Vo senti sua falta, tia.
Ele entendeu o que era falta. Abracei-o, tentando segurar o choro de despedida.
Meu coração aperta por não saber quando os nossos braços poderão se encontrar novamente. Ele era e é o meu segredo por trás do arco-íris. Meu sol.

2 comentários:

  1. Ai, Lari. Porque eu sou burra e sentimental tô chorando aqui só de imaginar que ele está longe de vc.

    Se eu, que não vejo o Totonho há 24 horas olhei pra um menino de cabelo branco na rua e fiquei com vontade de correr para casa, imagino o que deve passar no seu coração toda vez que vê um beiçudinho ou cada marca dele na sua casa.

    Uma coisa deve te consolar: saber que vc não vai ser esquecida, porque isso é impossível.

    Bjoo

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  2. Criança é tão bom, é tudo de bom. E eu te entendo, Lari. Porque me dói a partida de cada uma das minhas. Não sou tia, eu sei, mas já fui madrinha de tempo integral, irmã mais velha, prima, etc. E sempre me fazem falta. Mas você vai ter seus próprios sóis. Tenho certeza.

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Porque quem comunica se trumbica.