segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Encruzilhada

Ele notou primeiro o abismo que se instalou entre os dois. Não a procurava mais debaixo dos lençóis e nem fora deles. Ela fingia que era tudo como antes, temia reações. Não estava preparada para um término e nem mesmo para um recomeço. Indecisa, simulava normalidade. Talvez numa noite qualquer ou numa manhã de domingo os dois voltassem a se falar e se olhar. Era um palpite. Na verdade muito mais esperança do que palpite. Na alegria e na tristeza? Ele refletia sobre o juramento que nunca fizeram, mas que une a maioria dos casais. Não casaram. Foram morar juntos, amar-se bastava à época. Agora ele acha que podiam ter feito o juramento. Não sabe explicar o motivo, mas acredita que tem um peso maior quando duas pessoas se unem sabendo que devem se amar na alegria e na tristeza. Se pudesse, teria casado e jurado que a amaria na alegria e na tristeza. Contudo, na frieza, jamais. Sem saber, ela concordava com ele e não sabia como quebrar o gelo da relação. Se ela o amava? Ah, sim. Só que de vez em quando se esquecia. E o mesmo acontecia com ele. Há um momento em que os casais se perdem e que, mesmo juntos, seguem por direções opostas. Ele e ela sabem disso e torcem por uma encruzilhada. Que pode não aparecer.

Um comentário:

Porque quem comunica se trumbica.