quinta-feira, 7 de julho de 2011

O cappuccino refletindo a vida

A gente tomando cappuccino e falando sobre como é bom comer no inverno. Eu, tão preocupada com o chantilly que eu devorava - e com tantas outras mesmices –, só fui me atentar para o anel que ele usava naquele instante. Quiçá por causa do movimento. Da mão na asa da xícara. Da mão misturando o chantily ao líquido com a colher. Talvez. Aí olhei para aqueles olhos azuis cor de céu de dia bonito e enxerguei lá dentro a saudade que o devora. E tantos outros sentimentos que ainda não o permitem retirar a aliança. Uma forma de fazê-la presente. Uma forma de se manter, de alguma maneira, conectado àquela que era seu par na vida. Também tem o dedo enrugado que não conseguiria mais ser um dedo enrugado se não usasse o apetrecho. E aquele filete dourado, o apetrecho, não poderia ser aquilo que é se não fosse o dedo enrugado. Mutação! Ou, simplesmente, por costume? Não, por costume não. Porque aqueles olhos azuis cor de céu de dia bonito sempre souberam aquilo que queriam e o como o queriam. Eles são sábios e demasiadamente dengosos. Olhos dengosos demais. Por ela, eles topariam não ver mais cores e nem formas ou - como li agora pouco - plantariam bananeiras para o resto da vida. Vida que só era vida porque ela estava nela. Agora é só um cappuccino: uma alegria momentânea. Acaba o cappuccino, passa a gula. Passa a alegria.

Um comentário:

Porque quem comunica se trumbica.