domingo, 3 de abril de 2011

Um caso de amor bem resolvido

Quando a solidão assopra meu ouvido, convidando-me a ser a sua parceira, um arrepio súbito me toma e, inevitavelmente, eu lembro de você. Você, entre todos, você! Recordo do mundinho que construímos. Esquecíamos o lá fora, não ligávamos muito para as pessoas que estavam em torno. A gente se dizia casal para eternidade, havia um encaixe em todos os sentidos entre a gente que era inexplicável. Poucos acreditavam em nós, porque o nosso encaixe não era visível aos olhos alheios. Só entre mim e você. Um encaixe que não aguentou tanto tempo quanto esperávamos, devido à nossa expressiva diferença de enxergar o mundo. O bacana é que até no término a gente foi casal. A decisão foi de ambos e simultaneamente. Demasiadamente lógicos, acreditávamos que, mesmo que nos amassemos, o melhor era cada um por si. Na manhã seguinte, quando você saiu pela porta, eu soube que tinha ido para não voltar mais. Contudo, você voltou. E amor requentado não é tão bom, machucou. Despedimo-nos de vez. Não mantivemos contato. Até que você me ligou. É uma conversa quase que mecânica, você me conta o que está fazendo, eu também. Não flui. Então você lembra da gente. A ligação encerra. É breve, mas eu confesso que seus retornos me fazem bem. Eu vibro com cada palavra dita, porque mesmo depois de tanto tempo separados você não se esquece das pequenas singularidades que havia entre a gente. Você afirma que a minha vingança foi perfeita, mesmo sem eu ter pensado em uma. Vingança não é o termo adequado para o nosso desfecho. Simplesmente fomos especiais. Eu para você e você para mim, à nossa maneira. Somos um caso de amor bem resolvido.

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4 comentários:

Porque quem comunica se trumbica.