Eu estou deitada na cama, imóvel. Sono profundo. Consigo me ver mesmo de olhos fechados, pois me encontro fora de meu corpo. Não movo mãos, pés. Nada. A força que faço para me movimentar é tamanha, mesmo assim permaneço estática. Sensação de impotência ao quadrado aliada ao desespero de quem se enxerga fora de seu próprio corpo.
Me disseram que isso é pressão baixa. Que essa coisa de eu achar que estou fora de mim mesma é confusão da minha mente. Talvez. Mas nessas horas eu me sinto demasiadamente frágil, oscilando entre a vida e a morte. Como se eu estivesse pendurada entre dois mundos, duas realidades. É nesse sono profundo, no qual meu corpo e minha mente não se conectam, que eu acho que a morte me visita. Visitinha chata, incomoda.
Quando retomo o controle do meu corpo, a minha garganta está seca. A respiração é lenta e profunda – como se eu voltasse à superfície depois de um longo tempo debaixo da água. Meus pensamentos ficam oblíquos até eu ter certeza de que tudo não passou de um presságio sem fundamento. Porque eu não quero ir sem me despedir, sem tomar café da manhã, sem deixar o sol bater no rosto. Quero dar meus passos. Tropeçar. Desprender o nó!
Imagino mesmo que a sensação seja estranha, apesar de nunca me lembrar de tê-la tido. Mas estudiosos afirmam que não, não é preciso se preocupar. É o que chamam de projeciologia (olha aí: http://www.iipc.org/ciencias/projeciologia.php), e, de acordo com o povo que estuda isso, todos nós fazemos isso. Apesar de nem todos lembrarmos. E tenho certeza que você ainda vai demorar muito pra se despedir. Com muitos cafés da manhã, o sol batendo diversas vezes no seu rosto. E, quando você se for, o nó nem mais vai existir. Amo vc, menininha!
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