quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Que o dia pouse na minha cabeça

O reflexo do espelho parecia diferente. Sua barba comprida indicava que as transformações não ocorreram de uma hora para a outra, há tempos se encontrava naquele estado. Transformado.
As mãos estavam no lugar dos pés e vice-versa. A perna esquerda estava do lado direito. E com seus pés no lugar das mãos podia alisar as suas costas que agora se encontravam onde era o peito. A cabeça, mesmo zonza, ainda estava no mesmo lugar. Entretanto, o mundo, para ele, mesmo em pé, estava de ponta cabeça.
O que via não correspondia à realidade de outrora. Até o quarto que vivia bagunçado, agora estava arrumado. O celular que não tocava, toca incenssantemente. As músicas que eram escolhidas, não são mais as preferidas. A comida de todo dia se tornou a refeição do fim de semana.E até água que bebeu tinha um gosto que não era dela, um sabor desconhecido.
Uma raiva súbita lhe tomou a alma. Não se adaptaria, concluiu. Mas também não tinha certeza daquilo que realmente queria. Respirou fundo. Desejou que o dia pousasse em sua cabeça para que clareasse sua vida. Pronto, sabia o que queria.

Um comentário:

Porque quem comunica se trumbica.