Meu amigo perdeu a pauta da vida dele, por causa de uma infeliz que se diz jornalista. Na cidade dele, uma mulher que há sete anos acreditava estar com AIDS descobriu que nunca foi soropositivo. Sete anos “com” HIV, três tentativas de suicídio, além dos três filhos. A personagem. A colega dele, dita jornalista, deu a pauta para o jornal vizinho e nem o informou sobre o caso. Agora a Folha de São Paulo, a Globo, enfim, a grande mídia brasileira procura o jornalista que fez a matéria, que, por infelicidade, não é ele. Ele poderia ter escrito a história, poderia ter ganhado uma grana, se não houvesse essa pedra no meio do caminho.
No meio do caminho havia uma pedra e essa pedra são todos os que integram a imprensa, o tipo que há décadas não se atualiza. Encaixam-se nesse perfil os jornalistas provisionados, não a maioria claro, mas os que se acomodam com a experiência e relutam em digerir as novas tecnologias e a nova linguagem jornalística. Ainda, junto a esta classe, encontram-se os metidos à imprensa – estes são os piores. Não são nada, mas acreditam ser comunicólogos natos. Triste sabedoria a deles.
Mais triste ainda é a nossa sina de jornalistas recém-formados. Quatro anos de estudo, o diploma nas mãos, o conhecimento fresquinho e o vício diário de absorver cada vez mais conteúdo – já que somos os primeiros frutos da sociedade da informação. Isso não basta, não satisfaz o mercado. A falta de experiência aliada ao nosso jovem semblante propaga a dúvida: Será que isso daí escreve mesmo? É jornalista?
Na dúvida, eles ficam com a resposta negativa. E se metem a ser imprensa, a dar um jeitinho para tudo, porque escrever é fácil, entrevistar é fácil, falar é fácil. Incham os jornais, os sites, as TVs e rádios de porcaria. Sem padrão, sem qualidade, constituem-se imprensa.
E eu, humildemente, assisto de camarote o lixo que produzem. Sem impor meus conhecimentos, aguardo o dia do reconhecimento - é o último resquício do meu jornalismo utópico. Também, intimamente, declaro greve, greve àqueles que se acham imprensa, que atravessam o meu caminho, que não respeitam o meu profissionalismo – sim beibe, eu sou profissional.
Sigo em frente, sonhando com o dia em que me desligarei da imprensa para assim continuar sendo jornalista, o que praticamente deixou de ser possível na imprensa – parafraseando Renato Pompeu.
Flor, o pior realmente é aquele que se acha imprensa. Que acha que só porque tá há bastante tempo no mercado e tem um rostinho conhecido - mesmo que esteja na rádio - deva ter mais privilégios que nós. E que, sem conhecimento específico nenhum, acham que os tropeços que levaram na vida ensinam o caminho certo a seguir. Coitados. Mal sabem os buracos que deixaram para trás!
ResponderExcluirFui com a sua cara!
ResponderExcluirPode parecer meio revolucionário, pois estou no terceiro ano de jor, MAS ODEIO COLUNA SOCIAL.
Ué, "pra que" odiar coluna social?
Só pelo fato de alguém escrever aquelas tosqueiras todas e ser chamada "jornalista", ou então, como na nossa bela (sem ironias, por favor) Campo Mourão, "Reporti".
Mal entrei para o mercado e já fico P com esse tipo de 'jornalista' que você descreve.
E sei lá o que mais comentar, mas me identifiquei com a seu desabafo.
Vc faz jornal onde?
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